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Autônomo e complementar

  • Francisca Jucieide de Oliveira
  • 5 de out. de 2015
  • 3 min de leitura

Hills like elephants é um conto escrito por Ernest Hemingway, ilustre escritor norte-americano vencedor do prêmio nobel de literatura no ano de 1954. Publicado pela editora The Story and its Write, 6° Ed. Boston: Bedford/St. Martin’s, 2003. Brancos Elefantes é um curta produzido por Sara Benvenuto professora, tradutora, pesquisadora e realizadora audiovisual, Mestre pela Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Ambas as obras tratam de um mesmo enredo, um casal discute acerca de uma relevante decisão a ser tomada. Enquanto os personagens precisam chegar a um consenso sobre determinado assunto causador do conflito, por vezes eles se deixam desviar do centro da conversa, migrando para assuntos periféricos e de pouca relevância. Essa artimanha dos autores, não obstante confundir o público, também parece funcionar como um eufemismo poético que minimiza o iminente clima de tensão, atenuando assim o conflito.

O homem mostra-se experiente e decidido, enquanto a garota transmite inocência e indecisão. Ele, completamente seguro de si, propõe uma solução e tenta a todo tempo convencer a garota de que é o melhor a fazer. Ela, inicialmente indecisa, acaba cedendo em função da possibilidade de restauração do status quo ante. Enquanto resolvem sobre uma questão que poderá mudar suas vidas, os personagens entregam-se à frivolidades como discutir sobre bebidas. Ao longo da história, o homem age naturalmente, a verdade é que o conhecimento que ele tem sobre o assunto vai muito além do da garota.

Como é comum em tantos outros casos, embora o conto americano tenha inspirado o filme, é notória a disparidade entre as obras quanto a riqueza de detalhes. O escritor atua sobre a imaginação do leitor, enquanto o filme o prende o telespectador a apelos visuais e sonoros. Em ambas as obras encontra-se uma exagerada duplicidade de sentidos, fator responsável por mexer com o público e permitir as mais diversas formas de interpretação.

No conto e no filme a linguagem utilizada é pouco direta. Causando um sentido de duplicidade, apesar do tema em pauta ser difícil de ser abordado, deveria ter utilizado uma linguagem clara, pois ao lermos ou assistirmos fica uma dúvida sobre o que eles realmente estão discutindo.

“And we could have all this. And we could have everything and every day we make it more impossible.”

(ERNEST HEMINGWAY, 2003)

É possível observar dois diferentes tipos de relações entre o curta Brancos Elefantes e o conto Hills like elephants. Uma de natureza autônoma e outra de natureza complementar. Complementar porque as obras mencionadas destacam em planos distintos uma história comum. E autônoma porque, embora tratando-se de um mesmo enredo, apresentam fenômenos criativos distintos, tendo cada uma delas, características, dinâmica e aspectos próprios.

Destacando assim a criatividade na reprodução fílmica do conto, através de pequenos detalhes como a mudança de cor do elefante, tipo de bebida, a presença do tabagismo, detalhe que realça a insegurança da garota. Mais um fator importante é a escolha dos planos, em especial o contra plano, este revela detalhes bastante significativos para a interpretação do contexto, outro plano de grande significância é o plano de detalhe, pois mostra os personagens e ao mesmo tempo o ambiente em que eles estão conversando. Além desses planos aqui citados estão presentes também os planos médio e o primeiro plano, plano americano, plano geral, plano subjetivo. Produzindo assim perfis oblíquos para harmonizar com a simplicidade da atmosfera das cenas. Com enquadramentos detalhados e uma sequência fílmica o curta nos traz diversas questões sobre os personagens, tais como: onde estão, qual o assunto que eles realmente estão debatendo, para onde vão, o que irão fazer. Tudo isso podemos observar através dos movimentos da câmera, da escolha das luzes e cores, além da escolha de uma trilha sonora perfeita.

Deixando assim o seu público maravilhado com tamanha façanha, pois diferentemente do conto, o curta deixa claro que a garota inicialmente indecisa acabou tomando a decisão de não fazer o que o homem tanto quer. Podemos observar isso no cigarro que ela não fuma, na bebida que ela deixa para trás, e no olhar onde ela demostra estar bastante decidida e segura daquilo que irá fazer.


 
 
 

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